sábado, 15 de dezembro de 2007

( Olha o que excesso de Nietzsche causa )


O homem, criador, cria sua crença, criatura, para ser criadora
para que ele não tenha mais culpa pelo o que cria.

Deus cria o homem para os mesmos fins.



ps:
continuo escrevendo a grandona!
ps2:
o livre-arbítrio deu origem a imperfeição.

ps3:
casulos de pedra doem, mas também são quebráveis.

ps4:
márcio, quero café em vez de chá(, mas rola um pf belê).

domingo, 25 de novembro de 2007

A cor da morte


fotografia: http://olhares.aeiou.pt/im_falling/foto1569189.html


- eu vou fazê um coração dentru da arvri...
- mas árvore tem coração?
- omé, tem, só que a gente não iscuta...
- é por isso que a gente não ouve ela falar de amor?
- arvri não usa palavra, é de ôotro jeito.
- ah, ta...

E Matias finalmente deixou Cora em paz. Nenhuma de suas intervenções conseguiu trazê-la para longe de seu mundo. Era assim que via. Era assim que era. Ele, então, repousou os cotovelos na mesa e tentou não pensar no jardim desenhado da sua irmã.
Como ela poderia realmente achar isso, se plantas tem vasos condutores, como ela...pensou ele... Mas seus devaneios foram interropidos por um barulho estrondoso em meio aquele silêncio que reinava. Cora amassara o papel.

- mas, menina! Por quê você fez isso?
- cê num enxerga o que eu vejo.
- e você só percebeu isso agora?
- não, mas deve ser purquê ela só confia ni mim. só eu pode saber.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela saiu correndo rumo ao jardim de verdade, os fundos da casa, aquela parte que não era sua imaginação sozinha. Ali, sua vida comungava dos sonhos, coisa que ninguém entendia, mas fazia motivo para o abismo entre os dois.
Duas crianças nascidas na roça, uma muito das estudadas, outra nem tanto. A primeira tinha essa mania feia de ler a vida corrigindo, enquanto a segunda sabia que coisa bonita é tropeço.
Existiam, mas só uma sabia a diferença. Pois apenas Cora a vivia.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

matias

foto: http://flickr.com/photos/letsletslets/

tinha essa mania feia
de ler corrigindo
demorava a entender
que coisa bonita


.é tropeço.



p.s. :
rui, to com saudade
e já excedeu a forteza

terça-feira, 13 de novembro de 2007

entre nós


existe um abismo apertado
que cabe meu corpo enrolado no seu.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

(meu quase amigo pedro)




ele tava com os pés no céu e a idéia no chão. a morte chegou assim meio desapercebida. o corpo sentiu vontade de soltar as amarras. a alma foi levando uns pontapés leves. quando de repente saiu foi de uma vez!

era um moço que morreu dormindo na lua e soltou a alma pra abraçar estrela.

o sonho dele era namorar o sol

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Eu, falo (vol. 2)

Toda gente tem mania de achar
que só quem estuda muito se depara com o profundo
enquanto que na verdade
a profundidade tá na vida que todo mundo vive.
Esse povo ainda chega a matutar
que poesia tá dentro de palavra bonita
mas, como? se o mundo fica do lado de fora da palavra!
Esse povo não sabe é de nada.
É por isso que: Eu, falo.

sábado, 27 de outubro de 2007

(quando a idealização quebrou)


pois ainda que pareça insensato
eu tampei o meu vazio com a tua sombra
e me espanta te ver aqui por amor de verdade.

antidepressivos



palhaço: http://flickr.com/photos/marcoknabben/


sorrir com um buraco enorme atrás dos dentes

pierre,



foto: http://flickr.com/photos/cortielha/ (grande sertão: veredas)


acho que o homem é o objeto mais esquecido
deve ser porque ele se lembra demais
aí ele esquece do resto todinho
cê num acha que quando é coisa demais acaba que a coisa fica pouca?

linha e agulha

vaso: http://flickr.com/photos/spi-n-osasblogspotcom/
meu espelho é remendado
trincou
é só de pedacinho que dá de ver tudo inteirinho
acho que eu sou assim mesmo
não é a parte toda que me conta
é a parte da parte que me monta

domingo, 21 de outubro de 2007

do seu lado



foto: http://flickr.com/dhammza/



viajo sem meus pés...
esse silêncio
enviar recado cancelar
no vermelho das bochechas
as palavras do abraço
encaixam-se todinhas
quando meu sorriso
vem do seu olhar
a sua mão fecha
sobre os meus traços
converte forma insana
enquanto no seu ombro
cabe o meu descanso.

o chuveiro



chuveiro: deca

nasceu flor
mas tanto foi circo industrial
virou do tipo que esguicha água
mas roubaram suas pétalas

e por isso chora!

* com contribuição do márcio *

buenas (:


Tengo un gran corazón excesivamente
Encuentro que es tan grande que ni lo ajuste adentro de mí
es por lo tanto esa sensación a medias vacía en el interior
que tengo un pedazo hueco desde entonces que el saltó
y abrazó el mundo.
*

tenho um coração grande demais
acho que é tão grande que não se ajusta dentro de mim
é pelo tanto dessa sensação meio vazia no interior
que tenho um pedaço oco desde então que ele saltou e abraçou o mundo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Eu supûs



que se eu aumentasse
o número de travesseiros
diminuindo meu espaço na cama
substituiria você.


mas travesseiros não abraçam.




(poema do fundo do caderno)

domingo, 7 de outubro de 2007

guerra

obra: piramide social- alejandra coirini : http://alecoirini.com.ar/
é uma coisa onde algumas pessoas gananciosas enganam
várias pessoas fazendo com que
muitas morram.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

quando perdeu o espinho

foto: www.poemar.com

primeiro a flor ficou tristinha, doeu.
pensou que fosse passar. mas passou nada.
suas pétalas foram ficando murchinhas.
achou que fosse depressão pós-parto.
era nada.
perdeu toda a voz.
e caiu seca no chão.
ele era toda sua ternura.
'
ps: copos-de-leite não possuem espinhos.
proposital, não?

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Eu, falo



Eu, falo é um zine que vê graça onde não tem, faz trocadilho até no nome. é um zine de uma ironia nem sempre alcançada pelo público, na verdade, não sabe nem que público tem. afinal, esse é o problema em ser irônico: às vezes se ri sozinho.




Adquira já o seu! ;D

é fácil, msn-me.
jessi_santillo@hotmail.com

mundo operacional

foto: spikeorama.com

somos todos dominós ensangüentados, domínios manchados...
e o vazio afoga feito um oceano de fumaça.

Encantar!

foto: meu quarto: estrelas acima, eu e mágico de óz (meu elefante) abaixo.

A velha brincadeira da criança que cresceu forçado, o verso, o avesso. Poesia é a arte de tirar o formato chato da realidade, de transcender a mesmice até o riso e tornar a brilhante mentira em obscura verdade. Desordem, profundidade, loucura, ironia, intensidade, seja entoada ou em cântico, mas coisa fina, coisa pequena, coisa tão leve que toca a alma do Homem de olhos abertos.

É assim que Eucanãa Ferraz organiza “Veneno Antimonotonia”, abre-nos um leque de poemas e canções, uma variedade de oportunidades de transformação. Com essa antologia, Eucanãa busca matar o tédio, envenená-lo, trucidá-lo, mostrando a capacidade iluminadora do trocadilho, do desabafo, da brincadeira, o ensaio dos poetas.

Ele admite: auto-ajuda. Mas não por conceito chinfrim, daquele modelito de vender ajuda indiferente e reciclada a preço de mercado. Pelo contrário, auto-ajuda apenas porque toda poesia é ajuda na ludibriação, conquista de auto-renovação. Não é um livro de muitas delongas, é livro de acaso, de se abrir de vez em quando (sempre) e se encantar. Afinal, o que seria vivo sem os pequenos encantamentos?

Contudo, que fique claro:

Este texto também não é uma bula.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A gente inundada



diário: nina lugovskaia

Era um dia desses, sabe, que o sol tá tão quente que você sente seus miolos entrando em ebulição, tão quente que aquele mundo de casas mais parece deserto e toda aquela gente que aparece você quer distância, porque você quer derreter lentamente e sozinha...Muito sozinha. E bem sozinha. Mas esse dia era especial. Tinha 180 dias que não chovia, nem sequer uma gota, uma gotinha sequer.
Nos primeiros dias, ninguém tava levando lá muita seriedade nisso, mas começou a acabar a água, foi aí que de repente todo mundo parou de andar de carro. É. Juro. Inacreditavelmente, todo mundo. Nunca vi tanta bicicleta sendo vendida, muito menos tanta gente de biquíni e sunga. Tá certo que o Brasil é um país tropical, mas o uso em massa de trajes de banho é mais comum na orla, nunca vi coisa igual nesse interior de Goiás. Uma loucura.
Até grande empresário vinha fazendo passeata nu, um deles era o Seu Tonho, um dos mais exarcebados, brandava, gritava, esperneava, provocava choro grande. Esse dava trabalho, mas muito trabalho, organizava sequestros-relâmpagos de vendedores de água, fazia protestos contra as mulheres que só namoravam caras que tinham piscina em casa. E com razão, os preços estavam exorbitantes e as mulheres querendo salvar suas peles, afinal, a piscina era a garantia financeira do matrimônio.
Seu Tonho criou um jornalzinho de papel reciclado, achou que assim ia ser mais fácil convencer as pessoas, já que quase ninguém mais se importava com usar roupas ou não. Acabou que conseguiu. Ficou popular num estalo. Todas as mães que queriam um futuro mais digno para os filhos o apoiavam. Ficou tão popular que queriam colocá-lo no governo do estado. E acabaram por tentar isso mesmo.
Campanha geral. Ninguém esperava, no meio da comodidade que nosso povo costuma levar as coisas, que isso acontecesse. O Movimento Aqüífero Goiano (MAG). Estranho? Mais ainda era seu objetivo: fabricar água. Isso mesmo. Desenvolver uma máquina com uma super bomba de hidrogênio e explodi-la numa cidade evacuada. E fizeram a bomba-máquina-hidrogenada. Para tanto que virou uma romaria. Quem apoiava ou não Seu Tonho... Jornaizinhos de papel reciclado e jornaizinhos... Ganhou as eleições.
Festa geral. Ia assumir com gosto, a primeira coisa pela qual ele tinha realmente lutado, subiu ao pódio, começou o discurso: “Gostaria de agradecer a...”.
Choveu.
Bem quando tava todo mundo achando que aquela fumaceira no céu eram fogos de artifícios, caiu foi água. Caiu, não. Despencou. Tanto que até granizo desceu do céu. E o que era um movimento virou uma revolta, executaram Seu Tonho, voltaram a seus lares, às suas casinhas e suas vidinhas pacatas e tudo ficou por isso mesmo. Sem mais jornais reciclados, nem namorados com piscinas, biquínis e sungas só quando tiver turismo, água e água sendo desperdiçada. É, o problema é que só eu lembrei de uma coisinha, uma coisinha bem desimportante. A bomba. Esqueceram da bomba. E ela vai explodir a qualquer instante. Não dá mais tempo de escrever e contar o resto. Tenho que ver meus filhos pela última vez. Precisava desabafar... Obrigada, diário.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

guardo para você

foto: eu x)
meu poema mais meloso
minha parte mais louca
meu coração fatiado
minha escova de dente
meu travesseiro
minha cara amassada
meu humor negro
minha fala enrolada
meu riso alto
minha ligação dativa
meu livro
minha cama
meu espanto
minha chatice
meu grito baixo
minha arte
meu corpo
minha viagem
meu mapa
me guardo para você

domingo, 9 de setembro de 2007

autofagia

quadro:cezanne


se assim fosse não, meu bem
essa saia justa que te fica tão larga
esse seu senso que já se perdeu
essa sua fome que nem tem mais
ah, se assim não fosse
se a doença não tivesse encontrado
tanta vida a engolir até os ossos
ah, se eu pudesse
mudaria cada marca-passo
esse olhar vago
todo o silêncio que te levou

domingo, 12 de agosto de 2007

varrendo



foto : Davin Risk

a vassoura depois que limpa
toda a imundice do chão
às vezes levanta
e acena para a pureza do céu
ela tenta, porque tenta
mas parece que o homem não entende
que não é tão distante assim
fazer o chão virar céu.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

ele ainda não tirou os óculos de superman



"-olha, que eu ganhei de lembrancinha de anivesáariu..
- que lindo!
-só isso, lápis e um caderno de minino, o de minina era otro."

ah, se ele soubesse, tanta coisa que ele podia guardar ali..
o mundo inteiro só na primeira página.