domingo, 16 de maio de 2010

III - no princípio era um vão que cai


, upload feito originalmente por mary_robinson.






estou tentando capturar um sentido
beira de estrada e significado
uma travessia de destino e vontade
assisto os corpos que passam e levam
as horas esbarradas de um encontro
que não chega
beijando, a um sorriso, grama verde
muito verde
e água que corre sem cor
permaneço na iminência de mover
o sapato risca o vento e o olhar foge

do prin ci pí cio

sexta-feira, 7 de maio de 2010

"Não se pode fugir a um infinito, disse comigo, fugindo em direção a outro infinito; não se foge da revelação do idêntico, na ilusão de que se pode encontrar o diverso."



Umberto Eco - O pêndulo de Foucault







"As sombras dizem mais às pessoas solitárias, são sempre um esboço menos severo de algo. Se intensas e contínuas, o que nos resta é breu de luar, faz dos olhos nebulosas inconstantes que se abrem e apagam. Nunca sei o que realmente se passa no escuro, quando cerro minhas pálpebras, e nego com inocência infantil que o que miro ao abrí-las possa vir a ser uma miragem ou uma peça que o passado me pregou. Há muito nos instantes em que me ausento. Há tanto que horas se tornam inacabadas por milésimos de segundo inconcebidos.”

 

Maria parava por sabe-se lá quanto tempo, uma ou duas pitadas de ponteiros. A minha mudez era tamanha que o silêncio fazia com que meus ouvidos doessem. Enquanto ela tocava a xícara com os lábios, minha percepção mais aguçada se encontrava, penso que conseguia ouvir o líquido se movendo.

não sobre o tão fracasso.



tão. que é impossível que se sobrescreva.


uma caneta seca um papel abandonado, esperando que o vento
- ou uma brisa endemoinhada-

lhe imprima um futuro maior que o acaso.

palavras dependuradas se amarram e balançam e tentam.
jogarem-se para fora de um poço.

mas não são notadas.






)a única verdade sobre o desespero é que não se diz(