domingo, 25 de novembro de 2007

A cor da morte


fotografia: http://olhares.aeiou.pt/im_falling/foto1569189.html


- eu vou fazê um coração dentru da arvri...
- mas árvore tem coração?
- omé, tem, só que a gente não iscuta...
- é por isso que a gente não ouve ela falar de amor?
- arvri não usa palavra, é de ôotro jeito.
- ah, ta...

E Matias finalmente deixou Cora em paz. Nenhuma de suas intervenções conseguiu trazê-la para longe de seu mundo. Era assim que via. Era assim que era. Ele, então, repousou os cotovelos na mesa e tentou não pensar no jardim desenhado da sua irmã.
Como ela poderia realmente achar isso, se plantas tem vasos condutores, como ela...pensou ele... Mas seus devaneios foram interropidos por um barulho estrondoso em meio aquele silêncio que reinava. Cora amassara o papel.

- mas, menina! Por quê você fez isso?
- cê num enxerga o que eu vejo.
- e você só percebeu isso agora?
- não, mas deve ser purquê ela só confia ni mim. só eu pode saber.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela saiu correndo rumo ao jardim de verdade, os fundos da casa, aquela parte que não era sua imaginação sozinha. Ali, sua vida comungava dos sonhos, coisa que ninguém entendia, mas fazia motivo para o abismo entre os dois.
Duas crianças nascidas na roça, uma muito das estudadas, outra nem tanto. A primeira tinha essa mania feia de ler a vida corrigindo, enquanto a segunda sabia que coisa bonita é tropeço.
Existiam, mas só uma sabia a diferença. Pois apenas Cora a vivia.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

matias

foto: http://flickr.com/photos/letsletslets/

tinha essa mania feia
de ler corrigindo
demorava a entender
que coisa bonita


.é tropeço.



p.s. :
rui, to com saudade
e já excedeu a forteza

terça-feira, 13 de novembro de 2007

entre nós


existe um abismo apertado
que cabe meu corpo enrolado no seu.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

(meu quase amigo pedro)




ele tava com os pés no céu e a idéia no chão. a morte chegou assim meio desapercebida. o corpo sentiu vontade de soltar as amarras. a alma foi levando uns pontapés leves. quando de repente saiu foi de uma vez!

era um moço que morreu dormindo na lua e soltou a alma pra abraçar estrela.

o sonho dele era namorar o sol