fotografia: http://olhares.aeiou.pt/im_falling/foto1569189.html
- eu vou fazê um coração dentru da arvri...
- mas árvore tem coração?
- omé, tem, só que a gente não iscuta...
- é por isso que a gente não ouve ela falar de amor?
- arvri não usa palavra, é de ôotro jeito.
- ah, ta...
E Matias finalmente deixou Cora em paz. Nenhuma de suas intervenções conseguiu trazê-la para longe de seu mundo. Era assim que via. Era assim que era. Ele, então, repousou os cotovelos na mesa e tentou não pensar no jardim desenhado da sua irmã.
Como ela poderia realmente achar isso, se plantas tem vasos condutores, como ela...pensou ele... Mas seus devaneios foram interropidos por um barulho estrondoso em meio aquele silêncio que reinava. Cora amassara o papel.
- mas, menina! Por quê você fez isso?
- cê num enxerga o que eu vejo.
- e você só percebeu isso agora?
- não, mas deve ser purquê ela só confia ni mim. só eu pode saber.
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela saiu correndo rumo ao jardim de verdade, os fundos da casa, aquela parte que não era sua imaginação sozinha. Ali, sua vida comungava dos sonhos, coisa que ninguém entendia, mas fazia motivo para o abismo entre os dois.
Duas crianças nascidas na roça, uma muito das estudadas, outra nem tanto. A primeira tinha essa mania feia de ler a vida corrigindo, enquanto a segunda sabia que coisa bonita é tropeço.
Existiam, mas só uma sabia a diferença. Pois apenas Cora a vivia.
- eu vou fazê um coração dentru da arvri...
- mas árvore tem coração?
- omé, tem, só que a gente não iscuta...
- é por isso que a gente não ouve ela falar de amor?
- arvri não usa palavra, é de ôotro jeito.
- ah, ta...
E Matias finalmente deixou Cora em paz. Nenhuma de suas intervenções conseguiu trazê-la para longe de seu mundo. Era assim que via. Era assim que era. Ele, então, repousou os cotovelos na mesa e tentou não pensar no jardim desenhado da sua irmã.
Como ela poderia realmente achar isso, se plantas tem vasos condutores, como ela...pensou ele... Mas seus devaneios foram interropidos por um barulho estrondoso em meio aquele silêncio que reinava. Cora amassara o papel.
- mas, menina! Por quê você fez isso?
- cê num enxerga o que eu vejo.
- e você só percebeu isso agora?
- não, mas deve ser purquê ela só confia ni mim. só eu pode saber.
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela saiu correndo rumo ao jardim de verdade, os fundos da casa, aquela parte que não era sua imaginação sozinha. Ali, sua vida comungava dos sonhos, coisa que ninguém entendia, mas fazia motivo para o abismo entre os dois.
Duas crianças nascidas na roça, uma muito das estudadas, outra nem tanto. A primeira tinha essa mania feia de ler a vida corrigindo, enquanto a segunda sabia que coisa bonita é tropeço.
Existiam, mas só uma sabia a diferença. Pois apenas Cora a vivia.