A velha brincadeira da criança que cresceu forçado, o verso, o avesso. Poesia é a arte de tirar o formato chato da realidade, de transcender a mesmice até o riso e tornar a brilhante mentira em obscura verdade. Desordem, profundidade, loucura, ironia, intensidade, seja entoada ou em cântico, mas coisa fina, coisa pequena, coisa tão leve que toca a alma do Homem de olhos abertos.
É assim que Eucanãa Ferraz organiza “Veneno Antimonotonia”, abre-nos um leque de poemas e canções, uma variedade de oportunidades de transformação. Com essa antologia, Eucanãa busca matar o tédio, envenená-lo, trucidá-lo, mostrando a capacidade iluminadora do trocadilho, do desabafo, da brincadeira, o ensaio dos poetas.
Ele admite: auto-ajuda. Mas não por conceito chinfrim, daquele modelito de vender ajuda indiferente e reciclada a preço de mercado. Pelo contrário, auto-ajuda apenas porque toda poesia é ajuda na ludibriação, conquista de auto-renovação. Não é um livro de muitas delongas, é livro de acaso, de se abrir de vez em quando (sempre) e se encantar. Afinal, o que seria vivo sem os pequenos encantamentos?
Contudo, que fique claro:
Este texto também não é uma bula.
Um comentário:
Sem palavras... bom demais. Adorei a definição de arte e fico feliz de poder ler seu blog. Sem saber você está me ajudando a recuperar a graça de muitas coisas. Meu sincero obrigado. :)
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