domingo, 23 de março de 2008

para que os hormônios não me tornem parcial,


não sou uma mulher que costuma ter tpm. na verdade, eu me sinto até meio macho, quase não fico menstruada. é, sério. tenho algum tipo de problema hormonal (que não sei falar o nome)(e que fique claro que biologia não é meu forte), que me deixa meses e meses sem o tal sangue nas ventas. mas quando meu endométrio descama, descama com gosto. do tipo de dar cólicas horríveis e semana todinha usando noturno. mas isso não vem ao caso... quero dizer; tenho dias de homem. daqueles em que eu me sinto uma desgraça enorme e ajo o mais prepotente possível. não que isso seja másculo, mas homem tem disso mesmo sem tpm.

eu carrego meu corpo pela sala e atravesso a sacada do meu apartamento, jogo a base ao chão e abraço meus joelhos, como se meios termos bastassem. escondida, atrás do sofázinho da minha mãe, eu fito o canteiro e o canteiro me fita. lá, eu me descasco feito cebola. mas nesses dias eu não choro. em cada capa que eu retiro, procuro um alguém para ver se encaixa, ver se entende, ver se alcança. nada! toda crosta se vai, resta apenas uma mancha de líquido sulfuroso e ninguém. cada pedacinho, uma visão parcial de alguém que me escapuliu. sobra em mim aquela vontade enorme de me dividir e um vazio. os restos e o vazio. não há encaixe, não há encontro.

só assim que eu descubro. não existe par. talvez um quase-par. as pessoas não foram feitas para serem encaixadas. todas, números ímpares, quase se encaixam. os amantes se soldam, os aversos se atritam, os sozinhos sonham com encaixes perfeitos. eu, desviada, me sinto prostituída de tanto não-saber, penso que talvez expressar seja em vão, mas o vão é o que fica sem as cascas. quase-encaixes... a imperfeição torna tudo mesmo suficiente, não é? o cheio dos outros e o vazio seu equilibrados para que não falte espaço para ser e des-ser o tempo inteiro.

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